Ondas de calor são resultados das alterações climáticas nos últimos 60 anos

Levantamento do Inmet indica a possibilidade desse e de outros eventos extremos ao longo dos próximos anos

Publicado em 25/08/2023 15h07 . Última modificação 25/08/2023 16h38 .

Ondas de calor, seca e inundações são resultados das alterações climáticas nos últimos 60 anos. Um levantamento, de 2022, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão responsável pelo monitoramento climático nacional e membro integrante da Organização Meteorológica Mundial (OMM), indicou a possibilidade de aumento na frequência, intensidade e/ou duração desses eventos extremos climáticos.

A publicação das Normais Climatológicas do Brasil para o período de 1991-2020 fez um comparativo com a edição anterior (1961 - 1990), e tinha como objetivo principal analisar as mudanças no clima do Brasil nos últimos 60 anos. De modo geral, houve redução de chuva e as temperaturas do País estão elevadas em 1,5°C. A constatação se deve a diferença entre as normais, onde é possível perceber esse aumento gradativo (tons em laranja e vermelho nos mapas da figura 1) da temperatura média em todo Brasil.

As regiões Nordeste, Norte e parte da Região Centro-Oeste foram as que tiveram mais alterações, conforme o levantamento. O mapa da figura 1a mostra que, especialmente, na divisa dos estados do Pará e Tocantins, bem como na divisa entre o Maranhão e o Piauí, as temperaturas estão acima 1,5°C.

Há, inclusive, um destaque para as estações meteorológicas do Inmet, localizadas em Palmas (TO), com aumento de 2,0°C; em Conceição do Araguaia (PA), com 1,9°C de aumento e, em Floriano (PI), com aumento 1,6°C.

No que tange a avaliação sobre as temperaturas máximas e mínimas foram observadas tendências de aumento sobre o centro-norte do País. Em São Gabriel da Cachoeira (AM) foi observado um aumento de 2,2°C e em Bacabal (MA), um aumento de 1,8°C nos valores de temperatura máxima (figura 1b).

Figura 1: (a) Temperatura média compensada (°C) e (b) Temperatura máxima (°C).

Ainda conforme o levantamento, nos últimos anos, na divisa do Pará com Tocantins, as temperaturas durante as manhãs se mostram cada vez mais elevadas (figura 2). Foi observado acréscimo de 2,6°C nas temperaturas medidas pelas estações meteorológicas de Conceição do Araguaia (PA) e Palmas (TO).

Já nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina este aumento é menos pronunciado. O sudoeste do Rio Grande do Sul, por sua vez, teve um ligeiro resfriamento nas temperaturas (-0,2°C).

Figura 2: Diferença anual entre as Normais Climatológicas do Brasil. Temperatura mínima (°C).

Chuva

Sobre a chuva, o levantamento também observou redução em toda a Região Nordeste (tons laranja no mapa da figura 3) com valores maiores que 100 milímetros (mm). O destaque ficou com a estação de Cipó (BA), onde houve uma redução do acumulado de chuva anual de 685,8 mm, seguido por Parnaíba (PI), com redução de 599,5 mm e Aracaju (SE), com 505,9 mm.

Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, além de algumas áreas da Região Norte, também foram identificadas reduções menos intensas de chuva (tons em amarelo no mapa da figura 2), com valores entre 50 e 100 mm.

Já na Região Sul, oeste da Região Norte, além de áreas da Região Sudeste, as chuvas apresentaram um aumento de 100 a 250 mm nos últimos anos (tons de azul), principalmente, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Roraima e Acre.

Em Codajás (AM) houve aumento de 741,9, em Bambuí (MG) de 590,2 mm e em Chapecó (SC) de 509,1 mm.

Figura 3: Precipitação (chuva) em milímetros (mm).

É importante ressaltar que os resultados foram obtidos a nível anual e que os mapas podem ser acessados no portal do Inmet para todos os meses do ano (Clique AQUI). O Inmet reforça que segue monitorando o tempo e o clima no Brasil publicando seus boletins e notas mensais.

O INMET é um órgão do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e representa o Brasil junto à Organização Meteorológica Mundial (OMM) desde 1950.

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