ÍNDICE DE INFLAMABILIDADE DE NESTEROV (Grau de Perigo)
O índice de perigo fornece informação sobre a possibilidade de ocorrência de incêndios. Permite a análise das condições de risco possibilitando a adoção de medidas preventivas mais eficazes e econômicas.
De acordo com CARAPIÁ (2006), a adoção dos índices de risco de incêndios no Brasil iniciou-se em 1963, motivado pela ocorrência do trágico incêndio, que atingiu uma área entorno de dois milhões de hectares no estado do Paraná. Devido à dificuldade de obtenção de informações básicas, inclusive variáveis meteorológicas, os índices sugeridos naquela oportunidade foram os de Angstron e Nesterov (SOARES, 1998).
O índice de risco de incêndios de Nesterov, desenvolvido na Rússia e aperfeiçoado na Polônia, calcula a possibilidade de um incêndio a partir das condições de umidade, temperatura, ponto de condensação e vento. Além disso, esse índice é um modelo acumulativo. O somatório é modificado de acordo com a quantidade de chuva incidente (CIANCIULLI, 1981).
Os elementos observados(registrados) para obtenção do Índice de Inflamabilidade de Nesterov são:
a) Temperatura do ar (T °C) as 13:00h local, (16:00 UTC) em inteiros e décimos de graus Celsius (°C);
b) Temperatura do Ponto de Orvalho (Td°C) as 13:00h local, (16:00 UTC) em inteiros e décimos de graus Celsius (°C);
c) Precipitação total (mm) da observação de 12:00 UTC, em inteiros e décimos de milímetros;
d) Umidade Relativa do ar as 13:00h local (16 UTC) (%).
Complementando os dados para os cálculos:
a) Tensão máxima de vapor (Es em hPa), obtida com a temperatura do ar as 13:00h local (16 UTC);
b) Tensão real de vapor (E em hPa), obtida com a temperatura do “Ponto de Orvalho” as 13:00h local (16:00 UTC);
c) Déficit de saturação (d), que é a diferença entre a tensão máxima de vapor e a tensão real de vapor, d = Es-E;
d) Índice de Inflamabilidade (G), obtido multiplicando-se o déficit de saturação pela temperatura do ar as 13:00 h local (16:00 UTC); (G=d.T)
e) ΣG, representa o somatório de G que vai indicar um balanço contínuo que precisa ser mantido diariamente, obedecendo as regras em função das chuvas (RR) ocorridas.
O GRAU DE PERIGO será indicado pela tabela abaixo:
Somatório de G
Índice Y
Grau de Risco
300
01
Nenhum
301 a 500
02
Fraco
501 a 1000
03
Médio
1001 a 4000
04
Grande
4000
05
Perigosíssimo
As regras com respeito as chuvas ocorridas:
- Inferior ou igual a 2,0 mm –Considerar como sem chuva e somar d.t de hoje ao valor já calculado de G.
- De 2,1 mm a 5,0 mm, abater 25% no índice G calculado e somar d.t de hoje, ou G=0,75.G de ontem + d.t de hoje.
- De 5,1 mm a 8,0 mm, abater 50% no cálculo anterior de G e somar d.t de hoje, ou G=0,50 .G de ontem + d.t de hoje.
- De 8,1 mm a 10,0 mm, abandonar a soma anterior de G e recomeçar novo cálculo com d.t de hoje, ou G=0 + d.t de hoje.
- Maior que 10,0 mm, interromper o cálculo e recomeçar amanhã segundo as regras acima, partindo de G = 0.
Exemplo de preenchimento e de calculo:
Cálculo do índice de Inflamabilidade de Nesterov
Local: Brasília Mês: Maio/2010
T (ºc)
UR (%)
Es (mb)
E (mb)
D=Es-E
27,1
49
35,9
17,6
18,2
26,4
43
34,4
14,8
19,6
G=d.T
Td(ºc)
RR
ΣG
Y
494,8
15,5
1,7
494,8
Peq.
518,5
12,8
0,0
1036,9
Grande
Referências Bibliográficas:
CARAPIÁ, V.R., 2006, “Predição do Índice de Risco de Incêndio e Modelagem Computacional do Comportamento do Avanço da Frente do Fogo no Parque Nacional da Floresta da Tijuca”. Tese de D.Sc, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro,RJ, Brasil.
CIANCIULLI, P.L., 1981. Incêndios Florestais: prevenção e combate, 1 ed. São Paulo,
Nobel.
SOARES, R.V., 1998, “Desempenho da “Fórmula de Monte Alegre” Índice Brasileiro
de Perigo de Incêndios Florestais”, Cerne 3, pp. 19-40.