Amazônia enfrenta período de seca
Nos meses de junho, julho e agosto, o volume de chuva em toda a região amazônica ficou abaixo da média, principalmente no centro-norte da região
Nos últimos meses, o volume de chuva em toda a região amazônica ficou abaixo da média. Os maiores déficits ocorreram, principalmente, no centro-norte da região nos meses de junho, julho e agosto. Na estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Manaus (AM), foram registrados 130,9 milímetros (mm), sendo que a média é de 202,2 mm. Da mesma forma, a estação meteorológica de Belém (PA) registrou 309,8 mm, valor abaixo da média trimestral, que é de 404,8 mm. O Inmet e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) emitiram uma nota técnica conjunta para explicar sobre o cenário. Confira a nota completa AQUI.
Em Belém (PA), o total de chuva em setembro de 2023 foi de 32,7 mm e representa apenas 27% da média para o mês, que é de 120,1 mm. Este é o segundo menor total de chuva do mês na capital paraense desde 1961, ficando atrás apenas de setembro de 1991, com 28,1 mm. Já em Manaus (AM), o mês de setembro com menor volume de chuva, desde 1961, ocorreu em 2014, com apenas 0,6 mm. Em 2023, o total de chuva foi de 44,1 mm, ou seja, cerca de 35,0 mm abaixo da média, que é de 79,0 mm.
A tabela 1, a seguir, apresenta os valores mensais de chuva para o mês de setembro em Belém (PA) e em Manaus (AM).
Desde junho de 2023, as condições de temperatura da superfície do mar observadas mostram um padrão típico do fenômeno El Niño, na forma de uma faixa de águas quentes em grande parte do Oceano Pacífico Equatorial, que, próximo à costa da América do Sul, são superiores a 3°C. Adicionalmente, o Oceano Atlântico Tropical Norte se apresenta com águas mais quentes do que o normal, ou seja, superiores aos valores da média histórica. Essa combinação de fenômenos (El Niño atuando conjuntamente com o Atlântico Tropical Norte mais quente do que o normal) provoca diversos impactos no clima da América do Sul.
A figura 1, a seguir, apresenta a anomalia de temperatura da superfície do mar para o mês de setembro nos anos de 2005, 2010, 2015 e 2023, quando foram observadas secas na Amazônia. Em 2005, o aquecimento dos oceanos ocorreu apenas no Atlântico Tropical Norte. Em 2010, também houve aquecimento do Atlântico Norte com episódio de La Niña no Pacífico Equatorial. Já em 2015, foi observado um aquecimento em ambos os oceanos tropicais, ou seja, Pacífico Equatorial (El Niño) e Atlântico Tropical Norte. No entanto, em 2023, a situação atual do Atlântico Tropical Norte é mais intensa do que em 2015 e, no Pacífico, a intensidade é similar.
Figura 1: Anomalias de temperatura da superfície do mar em setembro para os anos de 2005, 2010, 2015 e 2023. Valores em graus Celsius. Fonte: CPTEC/INPE com dados da NOAA.
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