Rio Grande do Sul tem previsão de mais chuva nos próximos dias

Grandes volumes de chuva devem atingir, especialmente, o extremo sul do estado gaúcho

Publicado em 06/09/2023 15h17 . Última modificação 06/09/2023 15h17 .

Áreas de instabilidade vão ganhar força e provocar mais chuva na metade sul do Rio Grande do Sul entre a noite desta quarta-feira (6) e ao longo de toda a quinta-feira (7), de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologista (Inmet).

A previsão indica grandes acumulados de chuva, principalmente, no extremo sul do estado gaúcho, como volumes que podem superar 70 milímetros (mm) em algumas áreas. Veja figura 1a.

Na sexta-feira (8), o avanço de uma nova frente fria vai potencializar a instabilidade e provocar acumulados de chuva de até 100 mm (figura 1b) em parte do Rio Grande do Sul, podendo atingir as mesmas áreas impactadas pela chuva dos últimos dias.

Diante disso, o Inmet alerta a população para a importância de acompanhar as atualizações da previsão do tempo e dos avisos meteorológicos especiais nos próximos dias, além de seguir as recomendações da Defesa Civil Nacional. 

Figura 1: (a) Acumulado de chuva previsto entre as 00UTC do dia 6 e as 00UTC do dia 8 (21h do dia 5 e 21h do dia 7 – horário de Brasília) e (b) acumulado de chuva previsto entre as 00UTC do dia 6 e 00UTC do dia 9 (21h do dia 5 e 21h do dia 8 – horário de Brasília).


Balanço sobre a chuva  

Desde a última sexta-feira (1) até a tarde dessa segunda-feira (4), um amplo canal de ar quente e úmido, associado a um sistema de baixa pressão, provocou forte instabilidade e chuva forte em áreas da Região Sul, em especial na metade norte do Rio Grande do Sul, o que resultou em acumulados muito significativos de chuva nos primeiros cinco dias de setembro, como os registros de cerca 297,8 mm em Passo Fundo (RS), 291,8 mm em Cruz Alta (RS) e 290 mm em Serafina Corrêa (RS). Veja tabela 1.

Até o momento, foram confirmadas cinco mortes e mais de 20 mil pessoas foram diretamente afetadas em 54 municípios.

Tabela 1: Tabela com a chuva diária e o total acumulado nos primeiros cinco dias de setembro, conforme as estações automáticas do Inmet:


De acordo com dados do Inmet, considerando o mês de setembro, houve quebra de recorde de acumulado de chuva em 24h nas seguintes estações:

1. Passo Fundo (RS)

O recorde era de 164,4 mm, em 04/09/2023 (estação convencional), com dados a partir de 1913.


2. Cruz Alta (RS) 

O recorde era de 160,8 mm, em 04/09/2023 (estação automática), com dados a partir de 1912

3. Serafina Corrêa (RS) 

O recorde era de 143,0 mm, em 04/09/2023 (estação automática), com dados a partir de 2016 (ano de fundação da estação).

O recorde anterior era de 55,2 mm, em 02/09/2023, e 54,2 mm, em 14/09/2021. 

O valor também foi recorde absoluto de todos os meses desde a fundação da estação, com recorde diário anterior de 141,0 mm, em 08/07/2020.

Análise do evento

A imagem de satélite das 15h da última sexta-feira (1) mostrou instabilidade entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sendo este o primeiro dia chuvoso no estado gaúcho. Veja figura 2a

Na figura 2b, no campo de água precipitável, também às 15h, foi possível observar nas áreas sombreadas mais azuladas um corredor de elevado conteúdo de umidade, que estará disponível em todo o evento de chuva intensa até segunda-feira.

No sábado (2), a figura 3 mostrou em detalhes a continuidade da instabilidade junto com o alto conteúdo de umidade (figura 3b).

Figura 2: (a) Imagem de satélite do vapor d´água realçada e (b): água precipitável (sombreados azulados indicam alto conteúdo de umidade), linhas pretas (temperatura do ar em 1500m). Ambos os mapas são do dia 01/09/2023, às 15h.

Figura 3: (a) Imagem de satélite do vapor d´água realçada e (b): água precipitável (sombreados azulados indicam alto conteúdo de umidade), linhas pretas temperatura do ar em 1500m. Ambos os mapas são do dia 02/09/2023, às 9h.

Intensificação das chuvas

O centro de baixa pressão atmosférica semi-estacionário, posicionado no extremo nordeste da Argentina, entre o Paraguai e o Rio Grande do Sul, começou a se deslocar para o estado gaúcho até se converter no Oceano Atlântico em ciclone extratropical, quando houve a passagem de uma frente fria na tarde/noite de segunda-feira (4).

Figura 4: Análise do modelo Cosmo da pressão atmosférica ao nível médio do mar nos dias 03/09 e 04/09, às 9h, (a) e (b) respectivamente.

Figura 5: Bloqueio atmosférico localizado sobre o centro do Brasil, ao norte de São Paulo (ventos em 5km de altitude), e a intensificação do forte cisalhamento vertical do vento (sombreado avermelhado avançando ao norte do RS), que indicaram o corredor de fortes em baixos níveis entre a Bolívia e o Rio Grande do Sul e que mantiveram a instabilidade concentrada na altura do estado gaúcho e divisa com Santa Catarina (03/09/2023, às 21h). 


Nas figuras 5 e 6, é possível ver a continuidade da chuva forte (topos vermelhos) sobre o Rio Grande do Sul e em parte de Santa Catarina e do Paraná. Ao longo da segunda-feira (4), com o deslocamento do sistema de baixa pressão para o oceano e a passagem de uma frente fria, áreas e linhas de instabilidade se formaram no meio da tarde entre o norte do Rio Grande do Sul e a Região Sul, provocando mais enxurradas localizadas e rajadas de vento fortes.

Figura 6: Imagem de satélite do vapor d´água realçada em 03/09/2023, às 6h20 (a), e às 20h30 (b) - horário local.

                                      (a)                                                                          (b)

Figura 7: Imagem de satélite do vapor d´água realçada em 04/09/2023, às 00h40 (a), e às 16h20 (b) - horário local.


                                   (a)                                                                             (b)

Figura 8: Imagem de satélite do (a) vapor d´água realçada e (b) água precipitável (sombreados azulados indicam alto conteúdo de umidade), linhas pretas temperatura do ar em 1500m. Ambos os mapas são das 15h do dia 04/09.

O INMET é um órgão do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e representa o Brasil junto à Organização Meteorológica Mundial (OMM) desde 1950.


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