Nota de EVENTOS EXTREMOS em Junho de 2025
Junho foi marcado por temperaturas elevadas nas regiões Norte e Nordeste
Precipitação
A Figura 1 mostra os acumulados de precipitação registrados no mês de junho, com destaque para os volumes mais elevados nas regiões Norte, litoral do Nordeste e Sul do Brasil, enquanto grande parte do Centro-Oeste, Sudeste e interior do Nordeste apresentou baixos volumes de chuva.
Na Região Norte, os maiores acumulados concentraram-se no noroeste da região, com destaque para áreas de Roraima, Amazonas e Amapá, onde os volumes superaram os 300 mm, chegando a mais de 500 mm em localidades do extremo noroeste do Amazonas e parte central de Roraima (tons em azul e roxo na Figura 1). Esse padrão reflete a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), ainda influente na parte norte da região. Na capital Manaus (AM) choveu um total de 236,9 mm, que corresponde à 102% acima da média histórica (Tabela 1). Em contrapartida, áreas como o sudeste do Pará, Tocantins e leste de Rondônia apresentaram volumes inferiores a 50 mm e em algumas localidades não houve registro de chuva, indicando o avanço do período seco sobre o sul da Amazônia. Destaque para Tarauacá (AC), onde as chuvas foram 65% abaixo da média.
Na Região Nordeste, os maiores volumes de chuva foram observados no litoral leste, especialmente em Alagoas, onde os volumes ultrapassaram os 300 mm (tons em azul e roxo na Figura 1). Em Propriá (SE), foi registrado um total de 289,9 mm, volume correspondente a 89% acima da média (Tabela 1). Já no interior nordestino, predominou a condição de tempo seco, com acumulados inferiores a 40 mm (tons em amarelo e laranja na Figura 1).
No Centro-Oeste, os menores acumulados de junho foram registrados no Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal, com volumes entre 10 e 40 mm (tons em amarelo e laranja na Figura 1), volumes considerados normais para a época do ano. No Mato Grosso do Sul, os acumulados de chuva foram superiores a 40 mm e os maiores volumes ocorreram na parte sul do Estado.
Na Região Sudeste, os acumulados de chuva permaneceram baixos em praticamente todo o território, principalmente em Minas Gerais, onde Juiz de Fora (MG) registrou apenas 33,4 mm, frente ao antigo recorde de 152,4 mm (1983). Áreas centrais e do Triângulo Mineiro, assim como porções do interior paulista, apresentaram valores inferiores a 40 mm. O déficit de precipitação também foi notável em Araxá (MG), que acumulou apenas 5,2 mm, o que corresponde a quase 70% abaixo da média histórica (Tabela 1).
Em grande parte da Região Sul, os volumes de chuva foram superiores à 150 mm. Os maiores volumes ocorreram nas porções central e noroeste do Rio Grande do Sul, respectivamente, onde podemos destacar a estação meteorológica de Santa Maria (RS), onde choveu um total de 424,6 mm, sendo que a média histórica é de 132,7 mm. Em áreas pontuais do norte do Parará e extremo - oeste do Rio Grande do Sul, as chuvas foram inferiores à 100 mm.

Figura 1 – Mapa do acumulado de precipitação (mm) nos últimos 30 dias de junho áreas mais chuvosas em azul escuro que vai diminuindo o volume de chuva indicado pela gradação do azul claro, passando pelo verde escuro/claro até os tons laranja/amarelo)

Tabela 1 – Precipitação total acumulada em junho de 2025 indicando os maiores desvios (positivos) no Rio Grande do Sul (RS), Amazonas (AM) e Sergipe (SE) e os menores desvios (negativos) em Minas Gerais e Acre.
Temperatura
Além dos volumes de chuvas ocorridos em várias regiões do Brasil, o mês de junho foi marcado por temperaturas elevadas nas regiões Norte e Nordeste, principalmente em áreas dos estados do Piauí, Pará, Tocantins e Bahia, onde as temperaturas máximas ultrapassaram os 36°C em alguns dias. Nas localidades de Oeiras (PI), Alvorada do Gurguéia (PI) e Picos (PI) as temperaturas máximas variaram entre 37,8°C e 38,8°C, porém não ultrapassaram os recordes anteriores. Já nas cidades de Redenção (PA) e Marianópolis do Tocantins (TO) (barra em laranja claro na Figura 5) as temperaturas ficaram em torno de 37°C, respectivamente. Além disso, estes valores superaram o último recorde histórico (barra em laranja escuro na Figura 3).

Figura 3– Comparação da Temperatura Máxima Diária (°C) de junho de 2025 (laranja escuro) e junho último recorde da série histórica (laranja claro)
Quanto às temperaturas mínimas, observou-se uma redução entre os dias 24 e 25 de junho, devido à incursão de uma intensa massa de ar frio sobre as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Destaca-se o dia 25/06/2025, quando foram registrados valores de temperatura mínima abaixo de 0°C no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, evidenciando a ampla influência dessa onda de frio no final do mês de junho. As menores temperaturas do país foram registradas em General Carneiro (PR), São José dos Ausentes (RS) e Curitibanos (SC) com valores negativos de -7,8°C, -4,5°C e -4,7°C, respectivamente. Nas cidades de Irati (PR), Bom Jesus (RS), Campos Novos (SC), ocorreram eventos de geada de intensidade forte. Além disso, houve ocorrência de neve na região da Campanha, no Rio Grande do Sul, especificamente na cidade de Pinheiro Machado.
O mapa de anomalia de temperatura mínima do INMET referente ao dia 25/06/2025 (Figura 4) mostra anomalias negativas intensas, indicando temperaturas mínimas abaixo de 0°C, especialmente na Região Sul, onde os efeitos foram mais pronunciados. A massa de ar frio também avançou para a Região Sudeste, provocando quedas significativas de temperatura, como em Monte Verde (MG), que registrou mínima de –2,9°C, e em Barra do Turvo (SP), onde a temperatura chegou a –2,3°C. Na Região Centro-Oeste, os efeitos também foram sentidos, como em Sete Quedas (MS), onde a mínima atingiu –0,9°C, e em Amambai (MS).

Figura 4 – Anomalia de Temperatura Mínima no dia 25 de junho de 2025
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